quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Entrevista Fazendo Media



Eles desconhecem: os engravatados estão lá dentro dos seus escritórios, a visão é extremamente estereotipada”



Entrevista com Hilaine Yaccoub, na Casa França Brasil, local onde a antropóloga já trabalhou como guia de exposição. Foto: Gabriel Bernardo/Fazendo Media.

"Hilaine Yaccoub é antropóloga, morou 8 meses num bairro pobre de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, para analisar o consumo indevido de energia elétrica nas camadas populares da sociedade. Hilaine fez ciências sociais no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), trabalhou em várias ONG’s, e foi fazer um mestrado no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBE) em estudos populacionais e pesquisas sociais. Trabalhava a mensuração do terceiro setor no Brasil, e apareceu um trabalho de analista social na Ampla [Energia S.A], concessionária de Niterói.


Assim que ela enveredou nos estudos dos vulgos “gatos” nas comunidades populares, adquiriu conhecimento na área também participando de atividades do setor e hoje pretende passar alguns anos no Complexo da Maré, na zona norte do Rio, fazendo uma pesquisa para seu doutorado em antropologia do consumo. Yaccoub não poupa críticas ao setor, evidenciando suas mazelas, e aponta alternativas para a redução do roubo de energia no país.


Como foi sua experiência na Ampla?


Eles tinham um projeto chamado Guardiões da Comunidade, e o diretor era um visionário, queria entender quem era o cliente dele. Na entrevista, me perguntou: por que os meus clientes fazem gato? Não sei, a resposta que vem a cabeça é por malandragem ou necessidade, mas eu acho que isso é muito superficial. Até porque as próprias pessoas que fazem não têm consciência, elas não racionalizam o porquê delas fazerem: está dentro do inconsciente coletivo.


Desde que eu me entendo por gente sempre existe, principalmente na época da estatal, acho que foi estatizada em 1996. Eu disse: existe um método de pesquisa da antropologia chamado etnografia e observação participante, que é você se misturar no contexto do seu nativo, na realidade dele. Porque não adianta eu interpretar o que ele faz, o comportamento dele, se eu não estou compartilhando dos mesmos valores e do seu contexto. Você continua sendo você com os seus valores e suas regras, na verdade você compara…


E compreende...


E compreende daquela realidade. E ele falou assim: Você moraria numa comunidade? Moraria. Eu achava muito interessante, porque era o Guardiões da Comunidade só que ninguém atuava em comunidade nenhuma. Eram bairros muito pobres, mas não era favela, e todos os executivos da empresa falavam comunidade no sentido de favela.


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