Estar na moda é uma forma de se sentir incluído, de formar
opinião, de pertencer a grupos e ser classificado de forma positiva em nossa
sociedade.
A moda faz com que encontremos diferenciação dentro de uma
massa de indivíduos, chamo atenção para o “self” e temos hoje em dia uma
espécie de shopping center de estilos, que podemos simplesmente seguir,
comprar, customizar, desenvolver.
Há alguns anos temos presenciado um verdadeiro movimento
quanto aos esmaltes. Ele saiu da posição de invisibilidade para ser acessório
de moda, como bijuterias, bolsas e sapatos. Cores tradicionais e conhecidas
deram espaços para coleções, respeitando o calendário da moda, outono/inverno e
primavera/verão. Dão asas à imaginação das consumidoras com nomes divertidos,
engraçados, poéticos e sedutores:
HÁ HÁ HÁ
Deixa beijar
Saia Justa
Pink Vigarista
Macaquinho
Preguicinha
Dote-Armação
Lojas especializadas em esmaltes foram criadas, sim, você
não procura mais uma manicure e sim uma ESMALTERIA. Preços vão de acordo com a
técnica e marca do esmalte, os importados, claro, são mais caros. Dá pra usar
um Channel ou um Dior sem ter que desembolsar uma pequena fortuna e ficar
amarrada àquela cor “para sempre”, ou até o conteúdo do vidro terminar (o que
para muitas mulheres em minhas pesquisas parece uma eternidade).
Isso faz com que haja uma outra faceta desse universo
todo, há os eleitos, que são aqueles que guardam e colecionam com afeição e
repetem a cor em vários momentos e ocasiões; e há aqueles que vão para o
“momento desapego”, troca-se, vende-se, presenteia-se esmaltes que
gostaram menos ou simplesmente enjoaram.
O tamanho do vidro, por exemplo, é hoje uma das
reclamações das consumidoras ávidas por novidades e inovação (menos para as
profissionais manicures, claro). A lógica de que o vidro deve conter produto
suficiente para durar, deu lugar a necessidade do vidro ser menor, para que o
esmalte acabe logo e, assim, esteja livre para comprar mais.
Não que o número de esmaltes seja um empecilho na hora da
compra, as mulheres estão cada vez mais apostando em coleções particulares.
Como o valor é considerado barato, compram, compram e compram, para
experimentar, para testar uma nova textura, seja ela metálica, fosca,
flocada… Compram por impulso e até mesmo por gostar do nome. E dentre todos
esses itens a cor é o que reina absoluta. Elas buscam a cor que ninguém mais
tem e para isso vale misturar, comprar pela internet, encomendar uma cor
especial para as amigas que viajam para fora do país.
As blogueiras dentro esse universo todo são as grandes
formadoras de opinião, além, é claro, das personagens televisivas que aguçam a
curiosidade de milhares, ou milhões, de mulheres loucas para saber o esmalte
que a Carolina Dieckman está usando na novela e ligam para a Central Globo em
busca da tal preciosa informação.
Senhores, estamos aqui falando de uma profissionalização
de um setor que explodiu: a NAIL ART. Fazer a unha deixou de ser um ato
corriqueiro, rotinizado e naturalizado para entrar de vez no
mundo da moda e da arte.
As unhas são hoje a EXPRESSÃO DO CORPO NA MODA e acabou
“pegando” por uma série de fatores: primeiro apontaria o valor pago,
considerado barato (existem marcas e segmentos mais acessíveis), dessa forma,
todas podem ter e usar independente do tamanho no manequim; segundo a cor, pois
chama atenção apontando para uma ludicidade e criatividade de quem usa e
escolhe, agregando valor a identidade fashion da consumidora; e terceiro por
ser uma prática (fazer a unha) que no Brasil está associado à higiene, cuidado,
limpeza e feminilidade.
Ou seja, fazer a unha é coisa de mulher cuidada e isso
todas querem e se sentem inconscientemente coagidas a ser/aparecer. É a coerção
social expressa e traduzida em cores nas mãos das mulheres.
Por Hilaine Yaccoub