Assim como o furto e fraude de energia elétrica é uma manipulação de um bem ou serviço, ou a caneta bic criada para escrever, pode usada com outros fins, desde prendedor de cabelo a uma arma dentro de um presídio (entre outras tantas). Uma notícia essa semana me chamou atenção.
Um aparelho denominado "capetinha" bloqueia o rastreamento de caminhões de carga facilitando o roubo e estravio de mercadorias por ladrões nas estradas brasileiras. Mais uma vez, diante de uma tecnologia desenvolvida para segurança, uma estratégia empresarial de segurança é quebrada por outra tecnologia produzida na surdina, uma tática para contrapor a ordem, o uso, ou seja, o contra-uso, neste caso, o roubo.
Veja a matéria logo abaixo:
Ladrões usavam bloqueador de rastreador para roubar caminhões
Aparelho usado pelo grupo bloqueava sinais de rastreadores e celulares, num raio de até um quilômetro. Nove homens foram presos.
A Polícia Federal prendeu nove homens que usavam um bloqueador de rastreador por satélite para roubar caminhões, em São Paulo.O aparelho, cheio de antenas, apelidado no Brasil de "capeta" ou "capetinha" é pequeno, mas causa estragos no transporte de cargas pelo país.
Durante a ação, os ladrões pegam a estrada e ligam o equipamento, que cria um campo de isolamento e bloqueia os sinais de rastreadores e celulares, num raio de até um quilômetro. Um caminho aberto para roubo de caminhões.
Primeiro, de outro veículo, um dos criminosos avisa o caminhoneiro sobre um falso defeito, como pneu furado ou vazamento de óleo. O motorista, ao parar no acostamento, é dominado.
No último roubo o caminhão não saiu da estrada. Foi levado de Guarulhos para Caçapava. O motorista ficou em cativeiro por duas horas até o momento da prisão da quadrilha.
O caminhão que tinha partido do Espírito Santo faria entregas na Grande São Paulo. Depois do roubo, para não correr risco, os ladrões ligaram o 'capeta' a uma bateria no banco do passageiro e destruíram o painel a procura do rastreador. Quando chegaram num posto de combustível, em Caçapava, a polícia, que já acompanhava os passos da quadrilha, estava lá.
“Nesse local houve um encontro entre o grupo criminoso que efetivamente roubou o veículo e a célula formada pelos receptadores que iriam recebê-lo, foi então o momento que foi possível realizar a abordagem e prender os dois grupos ao mesmo tempo”, diz o delegado da Polícia Federal, Guilherme de Castro Almeida.
A quadrilha atuava na via Dutra e na Fernão Dias que fazem a ligação entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Segundo a Polícia Federal, roubou um caminhão por dia, nos últimos três meses.
Fonte: http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2012/03/ladroes-usavam-bloqueador-de-rastreador-para-roubar-caminhoes.html
Até quando executivos das mais variadas áreas verão que não adianta contrapor a ordem ou desordem através da tecnologia? O usuário manipula o sistema e cria pra si uma outra ordem, uma outra tecnologia para combater a estratégia e chegar ao seu objetivo. A questão é estrutural e não tecnológica.