Considerando a moda como o gosto por qualquer manifestação ou prática de cultura. É capaz de expressar necessidades sociais e psicológicas; e oferece, simultaneamente, instrumentos que aproximam e distanciam os indivíduos.
De um lado, possibilita fechar em círculos os iguais; de outro, afasta os diferentes posicionando-os em espaços separados criando distinções
Se, de um lado, a moda oferece ao indivíduo um esquema que demonstra uma submissão ao comum, uma docilidade às normas de sua época, por outro, é uma das muitas formas que auxiliam os indivíduos a salvar sua intimidade e identidade ante os semelhantes (Simmel, 1988).
Dessa forma, a moda atua sobre as exterioridades, sobre as facetas de nossa vida orientadas para a sociedade. Completa a identidade social dos agentes.
A obediência à moda exprime um jogo entre os indivíduos e as forças socializadoras exteriores.
Da mesma forma que a aceitação de uma regra social oferece um amparo diante da variedade de opções oferecidas (movimento que corresponde à aproximação de um grupo – habitus grupal),
oferece também um espaço de projeção e de expressão de uma individualidade (movimento de afastamento do grupo – habitus individual), no uso particular e singularizado de um comportamento.
Para Bourdieu, a Sociologia é uma ciência que incomoda. Diferentemente da História, ou da Psicologia ou, ainda, da Filosofia, entre outras; a Sociologia, para ele, é uma ciência bastante contestada porque tende a interpretar os fenômenos sociais de maneira crítica.
Procura desvendar, interpelar ou questionar consensos há muito arraigados na experiência do cotidiano de cada um de nós.
A Sociologia deve aproveitar uma vasta herança acadêmica, deve se apoiar nas teorias sociais desenvolvidas pelos grandes pensadores das ciências humanas e deve ainda fazer uso de técnicas estatísticas e etnográficas, bem como deve se apropriar de procedimentos metodológicos sérios e vigilantes para se fortalecer enquanto ciência a serviço da humanidade
ex: A produção das pesquisas que originou o livro A Distinção
Para ele, a sociedade ocidental capitalista é uma sociedade hierarquizada, ou seja, uma sociedade organizada segundo uma divisão de poderes extremamente desigual
Para Bourdieu, a estrutura social é vista como um sistema hierarquizado de poder e de privilégio.
Poderes e privilégios determinados, tanto pelas relações materiais e/ou econômicas
(salário, renda), como pelas relações simbólicas (status) e/ou culturais (diplomas) entre os indivíduos.
A diferente localização dos grupos nessa estrutura social deriva da desigual distribuição de recursos e poderes de cada um de nós.
Por recursos ou poderes, Bourdieu entende mais especificamente:
· o capital econômico (renda, salários, imóveis),
· o capital cultural (saberes e conhecimentos reconhecidos por diplomas e títulos),
· o capital social (relações sociais que podem ser revertidas em capital, relações que podem ser capitalizadas)
· o capital simbólico (o que vulgarmente chamamos prestígio e/ou honra).
Assim, a posição de privilégio ou não privilégio ocupada por um grupo ou indivíduo no campo social é definida de acordo com o volume e a composição de um ou mais capitais adquiridos e ou incorporados ao longo de suas trajetórias sociais.
Setton,Maria da Graça. A moda como prática cultural em Pierre Bourdieu. Revista Iara, vol 1, n 1, 2008.