segunda-feira, 30 de abril de 2012

Call for paper - Encontro Nacional de Estudos de Consumo



EMENTADO EVENTO

Nas duas últimas décadas, o tema da sustentabilidade socioambiental tornou-secentral nas sociedades contemporâneas. O impacto da emissão de gases de efeitoestufa, o consumo de água e energia não renovável, a perda de biodiversidade, anecessidade de redução e reciclagem de resíduos, entre tantos outros temas,passaram a ser objeto de acordos internacionais, de políticas públicas, deiniciativas empresariais, de reportagens da grande mídia, de ações demovimentos sociais e de acaloradas discussões no meio acadêmico. Hoje já hácerto consenso de que mesmo com mudanças dramáticas nas políticas públicas, nastecnologias produtivas e nas fontes energéticas, grande parte dos impactosambientais permanecerá, uma vez que são produzidos também na esfera doméstica,ou seja, na forma como os recursos naturais e a energia do planeta são usadospor uma classe consumidora global de 1,7 bilhão de pessoas espalhadas por todosos continentes. Isso significa que a sustentabilidade precisa ser pensada, maisdo que nunca, a partir do consumidor final. Vida sustentável (sustainableliving) é o conceito que sintetiza esta relação entre práticas de consumocotidianas e sustentabilidade. Tal conceito inclusive nos obriga a recolocar em questão as próprias relações entre consumo e produção. Entretanto, a tarefa de redefinir e mudar práticas sociais é mais complexa do que campanhas e políticas públicas podem nos levar a crer. Práticas constituem-se em discursos e fazeresque se desenvolvem, se associam e se desmembram em novas práticas, cada uma implicando em novas formas de consumo.

O VI Encontro Nacional de Estudosdo Consumo e o II Encontro Luso-Brasileiro de Estudos de Consumo têm comoobjetivo central discutir, tanto teórica quanto metodologicamente, o conceitode Vida Sustentável, além de analisar, de um ponto de vista sociológico amplo edistanciado, as práticas sociais e estilos de vida que constituem o viver nasociedade contemporânea. Trabalhos empíricos sobre práticas domésticas, consumode água e energia, mobilidade urbana, transporte e logística, uso e adoção detecnologias ecológicas na esfera doméstica, sobre o morar e sobre novas formasde articular a produção e o consumo, entre outros temas, serão de grandeinteresse, bem como a própria concepção simbólica e prática do que é “viver deforma sustentável” na sociedade contemporânea.

CHAMADA PARATRABALHOS
Convidamos pesquisadores e estudantes de pós-graduação (mestrado e doutorado) a enviar propostas de trabalhos baseadas em reflexões teóricas e/ou resultados de pesquisas empíricas, em consonância com o tema de um dos Grupos de Trabalhor elacionados abaixo. Cada autor e co-autor podem enviar quantas propostas desejarem.

As propostas devem ser submetidas primeiramente sob a forma de resumos expandidos. Os coordenadores de cada GT os analisarão e selecionarãoaqueles trabalhos que serão apresentados no evento. Após a seleção dos resumosexpandidos, os autores devem encaminhar o paper completo, de acordo comas datas estabelecidas abaixo.

CALENDÁRIO
Prazopara o envio de resumos expandidos: 30 de maio de 2012
Divulgaçãodo resultado da seleção de resumos expandidos: 30 de junho de 2012
Prazopara o envio dos trabalhos completos: 15 de agosto de 2012

FORMATAÇÃO DOS RESUMOS
Os autores devem submeter o resumo expandido através do site (www.estudosdoconsumo.com.br). Os resumos devem ter no mínimo 3.000 caracteres e no máximo 4.000 caracteres (com espaços). Serão aceitos trabalhos em português, inglês e espanhol.

GRUPOS DE TRABALHO
Politização  e ambientalização do consumo
Consumo e  inclusão social
Moda,  gostos e estética
Globalização  e circulação de bens e pessoas
Tendências  do consumo alimentar
Consumo,  marketing, comunicação e sociedade
Cidadãos  e consumidores na rede: dramas, confrontos e participação
Mercados  informais, ilícitos e “alternativos”


INSCRIÇÕES
Asinscrições devem ser feitas através do site www.estudosdoconsumo.com.br e terão preços diferenciados para pagamento antecipado:



quinta-feira, 26 de abril de 2012

Favela: um condomínio sem estatuto e com muitas regras implícitas

Postado por Hilaine Yaccoub - 25/04/2012
diário,c,d,e,favela,regras
Morar num espaço de favela tem algumas questões que só morando mesmo para entender. A princípio não há com quem reclamar... Se o vizinho fala alto e briga com os filhos e te atrapalha a ver novela ou Jornal Nacional, ou se rola briga entre marido e mulher, como se meter? Para quem interfonar? Se a coisa ficar violenta chamamos a polícia????

Se há uma infiltração é preciso muito tato para falar com o vizinho de cima, muitas vezes é melhor arcar com o prejuízo. Estabelecer boas relações com os vizinhos para garantir uma boa convivência é vital, seja na hora do aperto porque é ele que muitas vezes irá te salvar na hora de uma doença ou uma necessidade (um copo de açúcar, ou leite, ou ovos) ou na hora de estabelecer condutas e regras de convivência, que devem ser conversadas com muito jeitinho.

Uma vizinha me contou que morar no andar do meio de qualquer sobrado na favela é a pior coisa que existe. E eu acabo de alugar um, no segundo andar de um miniprédio de 3 andares (se posso dar essa classificação edilícia). Primeiro ela aponta que quem mora no último andar tem acesso às caixas d’água e ao terraço, espaço muito valorizado, a laje é espaço criado, este lugar serve de entretenimento e quintal, portanto, tem privilégios. Além disso, pode servir de base para a construção de um outro andar... E a favela assim se verticaliza.

Quem mora no andar térreo não precisa subir escadas, que normalmente são mal construídas e disformes, com degraus diferentes e estreitos, e por muitas vezes muito íngremes. Os moradores do térreo têm livre acesso à rua, podem colocar a cadeira na porta de casa, aproveitar o espaço da rua, que logo vira um quintal.
E quem mora no meio?
Quem mora no meio convive com os barulhos vindos de cima e debaixo. Tem moradores do andar de cima passando na porta da sua casa (subindo escadas) falando alto. As paredes são finas e dá para escutar tudo, conversas, um copo quebrando, os programas de TV em canais diferentes... E quando os filhos adolescentes do seu vizinho adoram um estilo musical, mas o mesmo gosto não é compartilhado por você? A solução é aguentar.
diário,c,d,e,favela,regras
A população brasileira como um todo está habituada a viver para dentro da casa, o espírito familiar é a nossa unidade de referência no mundo e não espirito de comunidade, independente de nível ou classe social. Não pense que as pessoas bem nascidas e abastadas conseguem viver em condomínio e prezam pelo bem de todos! Para isso há o estatuto do condomínio, as multas e o papel do síndico que fazem valer a sua autoridade sempre que necessário.

Da mesma forma que a noção de público e privado se misturam nas favelas, assim também ocorre na cidade regular, não se enganem! É uma questão que vai muito além da condição socioeconômica e sim da ordem da estrutura social dos indivíduos, valores e práticas que se aprende e se reproduzem a todo instante ao longo de nossas vidas. E, para conviver com elas, ou aceita e vive-se de acordo, ou aceita e vive-se de acordo.
Fonte: http://mundodomarketing.com.br/blogs/diario-das-classes-c-d-e-e

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Objeto de desejo: Os grills que nunca uso

Postado por Hilaine Yaccoub - 18/04/2012 no Diário das classes C,D e E - Mundo do Marketing

"Engraçado como coisas fascinam e se tornam verdadeiros objetos de desejo. Durante um trabalho de campo realizado em um bairro popular onde morei por 8 meses com a finalidade de entender motivações que levam clientes da concessionária de energia elétrica a furtarem ou fraudarem o consumo de eletricidade tive contato próximo com várias famílias que pertenciam a minha vizinhança.

Meus vizinhos pertenciam à chamada “nova classe média”, faziam parte de uma espécie de elite local e eram reconhecidos como tal por outros moradores de outras áreas. Tinham carros, viajavam nos feriados (alguns inclusive para o exterior), estudavam em colégios particulares da região, frequentavam restaurantes, em sua maioria churrascarias e, mesmo podendo arcar com o consumo de energia elétrica, furtavam (ou fraudavam o medidor de consumo).

Em outro momento tocarei mais enfaticamente na questão do furto e fraude de energia, bem como na questão da chamada nova classe média, no entanto, gostaria de focar nos usos dos objetos e o poder simbólico que exercem nas pessoas. Não, não pense que com você é diferente, os objetos mudam, mas o poder simbólico o fascínio são os mesmos.

Os GRILLs
Certa vez entrei na casa de uma vizinha, normalmente a gente entrava pela cozinha, pois eu já era considerada “de casa” e certamente era onde ela passava maior parte do seu tempo. Ao olhar para uma prateleira consegui avistar 5 grills com diferentes formatos, cores e, após eu perguntar, segundo a resposta dada pela mesma, cada um serviria para um propósito diferente.

grill,diário,classe c,d,e- Nossa, quantos grills! Pra que tantos? - perguntei alarmada.
- Ué, cada um serve pra uma coisa, oras! - respondeu demonstrando obviedade.
- Ah é? - retruquei - Como assim, me explica? - Estava louca para entender os padrões que ela utilizou.
- Esse aqui é só pra carne (apontou um George Foreman), ao lado, o branco redondo é pra pizza (Grill do Shoptime), aquele outro ali é só pra torrada, depois é o de sanduiche, e por final aquele ali que serve pra peixe e frango (um Black&Decker qualquer).
Diante da explicação dela, parei para pensar que dependendo do grupo ao qual você pertença e o capital cultural que você acumule, os objetos serão vistos, usados e tratados de diferentes formas. Ela aprendeu possivelmente na propaganda, que para cada grill daquele haveria uma serventia, portanto, ela precisava de vários grills para que suas diferentes necessidades fossem sanadas. Sendo que ela poderia ter apenas o redondo (de pizza) para fazer todos e mais outros tantos quitutes que ela desejasse. Mas ela não aprendeu dessa forma, portanto, reproduzia o que tinha vista no comercial.

Logo depois de me dar a explicação, a minha vizinha complementa o raciocínio com um “que” de tristeza e diz:
- Mas apesar de eu ter esses grills eu NUNCA uso eles não. Puxa muita luz porque é resistência. É melhor continuar usando o fogão mesmo porque é a gás e sai mais barato.


(ELA SÓ SE DEU CONTA DISSO DEPOIS DE ACUMULAR 5 GRILLS)
O que percebi em meu trabalho de campo é que ao adquirir um bem os consumidores não pensam no gasto agregado. Pensam apenas no valor da parcela, mas não colocam na ponta do lápis os custos finais que o novo objeto de desejo (carros, TVs, boillers, grills etc) vão acarretar.

Para tal há três saídas no âmbito do consumo de energia elétrica: ou pagam a conta, ou deixam de usar o objeto, ou fazem “gato” de energia para adequar a conta ao novo padrão e estilo de vida."

terça-feira, 17 de abril de 2012

A velha classe média x a nova classe média: disputa a vista ou apenas um preconceito isolado do Xexeu?

COLUNA DA REVISTA O GLOBO (15/4/2012)

Sobre a classe média

Não gosto de axé. Nem de pagode. Nem mesmo de sertanejo universitário. Por isso, não custa nada perguntar: dá para tocar outra coisa?

Como qualquer brasileiro, me orgulho muito da nova classe média e dos oito milhões de conterrâneos que chegaram à sociedade de consumo nos últimos tempos. Consumo para todos! Mas, veja bem, para todos, o que inclui a velha classe média. É democrático o fato de voos comerciais poderem ser pagos em 17 vezes. Mais gente viajando, mais gente fazendo turismo, nem me incomodo com os aeroportos superlotados. Mas, vem cá, dá para variar o cardápio? Ou vou ser obrigado a comer barrinha de cereal para o resto da vida? Alguém já perguntou se a velha classe média gosta de barrinha de cereal? Eu não gosto. Dá pra sair um sanduíche de queijo com suco de laranja?

Pela primeira vez na história deste país, a classe média representa mais da metade da população. Foi preciso a ascensão da classe C para que isso acontecesse. Políticas de pleno emprego, aumento de salário, facilitação do crédito, projetos sociais _ tudo deve ser saudado, mas, por favor, pensem no trauma que vem sofrendo a velha classe média. Cresci aprendendo que profissão para valer era engenheiro, médico ou advogado. Se o sujeito não tivesse aptidão para uma dessas três categorias, tentava um concurso para o Banco do Brasil ou para a Caixa Econômica. Agora, todos gritam no meu ouvido: empreendedorismo! O certo seria ter aberto um salão de beleza, um serviço de comida pronta, uma padaria... Tarde demais! Ensinaram-me a fechar o mês sem contas a pagar. Agora, o governo me alicia: Crédito! Crédito! Crédito! E eu não quero comprar uma TV de plasma, nem um segundo telefone celular, nem quero passar férias em Porto Seguro. Na verdade, estou pensando em vender o meu freezer, o meu forno de microondas e a minha secretária eletrônica. Tornei-me um estranho no ninho. Sou da velha classe média.

A nova classe média virou objeto de pesquisa de tudo aqui no Brasil. Tem marca de eletrônicos que produz aparelhos especialmente para os novos consumidores. A tal marca descobriu que “o consumidor da classe C ama música em alto volume. O lazer se concentra nos churrascos de fim de semana, onde ocorre a confraternização. O aparelho de som é o elo entre os familiares e os amigos. Nasceu assim o primeiro minisystem para a classe C, cuja caixa de som tem potência três vezes superior à de um aparelho de som comum.” Tá puxado.

Sejam bem-vindos ao paraíso os que ganham entre R$ 1.200 e R$ 5.174 por ano. Mas tem que ter lugar para todo o mundo. Eu quero de volta o meu filme legendado na TV e torço pela possibilidade de passar um intervalo comercial inteirinho sem assistir a um anúncio do Supermarket. Onde foi parar a televisão da velha classe média? Sempre fui noveleiro, nunca tive vergonha disso. Assisti às novelas de Ivany Ribeiro em versão original. Mas não aguento mais tramas ambientadas na comunidade, sambão na trilha sonora, mocinha cozinheira e galã jogador de futebol. Eu quero de volta a minha novela de Gilberto Braga!

(grifo meu)

Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/xexeo/posts/2012/04/13/sobre-classe-media-440203.asp

segunda-feira, 16 de abril de 2012

DICA: Curso sobre consumo em SP

OS SABERES DO CONSUMO
Um olhar antropológico sobre o ato de consumir e sobre a sociedade de consumo

Vários
Você já se perguntou sobre todos os significados que envolvem um ato tão corriqueiro como o do consumo? Já parou para pensar que esta é uma atividade que está presente em toda e qualquer sociedade humana? Consegue vislumbrar o importante papel que o consumo desempenha sobre os indivíduos?

A partir do olhar da antropologia, o curso trará reflexões sobre os diversos significados que envolvem a prática do consumo. Será feita uma análise inicial sobre as origens históricas da sociedade de consumo e sobre o papel da cultura material até os dias de hoje. O curso abordará a questão do consumo como um elemento significativo na construção das identidades individuais contemporâneas. E também irá refletir como as marcas e a comunicação atuam como sistemas de representação, definindo práticas e comportamentos na nossa sociedade. Assim, ao tratar deste tema sobre a vertente da antropologia, é possível tomar o consumo como base para compreender diversos processos sociais e culturais contemporâneos.

Ao final do curso será oferecido o material com o conteúdo das aulas.


Início: 18 ABR
Duração: 6 encontros semanais
Dias/horários: Quartas-Feiras, às 20h (18/04, 25/04, 02/05, 09/05, 16/05, 23/05)
Valor: R$ 225,00 na inscrição + 3 parcelas de R$ 225,00
Observações: das 20h às 22h






Tel.: (11) 3707-8900

Horário de funcionamento: 09h às 22h

E-mail:
info@casadosaber.com.br
18 ABR | 1. Consumismo: afinal, sobre o que estamos falando?
Lívia Barbosa


25 ABR | 2. Compro, logo sou
Lívia Barbosa


02 MAI | 3. Representações do consumo
Carla Barros


09 MAI | 4. Consumo, marcas e comunicação
Carolina Roxo Nobre Barreira


16 MAI | 5. Consumo e modismos: quebrando preconceitos
Paula Pinto e Silva


23 MAI | 6. O consumo na prática: estudos aplicados e inovação
Paula Pinto e Silva

Lívia Barbosa. Pós-doutora pela Universidade de Tóquio, doutora em Antropologia Social pelo PPGAS da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mestre em ciências Sociais pela Universidade de Chicago, Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade do Estado da Guanabara, Bacharel em Museologia pela Universidade do Brasil. Foi visiting scholar na Universidade de Notre Dame, EUA, e na Universidade de Tork, Reino Unido. Atualmente é Diretora de Pesquisa do Centro de Altos Estudos da ESPM e Profa. Associada da Universidade Federal Fluminense. É autora de vários livros e artigos, nacionais e estrangeiros, entre os quais se destacam “O Jeitinho Brasileiro ou a Arte de ser mais Igual que os Outros”, “Igualdade e Meritocracia”, "Cultura, Consumo e Identidade", "Sociedade de Consumo", “Cultura e Empresas” e “Cultura e Diferença nas Organizações”.

Carla Barros. Doutora em Administração pelo Instituto COPPEAD-UFRJ, especializada em Antropologia Social pelo Museu Nacional da UFRJ e formada em Ciências Sociais com concentração em Antropologia Social pelo IFCS-UFRJ. Professora do Departamento de Estudos de Mídia da UFF, da ESPM-RJ e do Instituto COPPEAD-UFRJ, neste último como professora convidada. Atua em atividades de pesquisa, ensino e consultoria em organizações nas áreas de Antropologia do Consumo, Comportamento do Consumidor e RH Estratégico. Autora de diversos artigos sobre Antropologia do Consumo, Marketing e Comportamento do Consumidor, publicados em livros e apresentados em eventos acadêmicos. Tem realizado, em especial, pesquisas antropológicas nas áreas de consumo nas camadas populares, consumo de tecnologias e difusão de hábitos de consumo entre classes sociais.

Carolina Roxo Nobre Barreira. Mestre em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo e Bacharel em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, com especialização em Marketing. Atua há 21 anos na área de planejamento estratégico de comunicação e pesquisa de mercado, tendo trabalhado no instituto de pesquisa Research International e em grandes agências como DM9, Y&R (Brasil e França), DPZ, Dentsu e Loducca. Atualmente é Sócia Diretora da Roxo Atelier de Marcas & Antropologia, empresa de consultoria em marcas e planejamento estratégico que trabalha a partir do olhar interpretativo e profundo da Antropologia.

Paula Pinto e Silva. Doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo. Seus trabalhos acadêmicos giram em torno das relações entre a Antropologia e Alimentação, tratando também de temas relacionados à História da culinária e da cozinha no Brasil. É autora do livro “Farinha, feijão e carne seca. Um tripé culinário no Brasil colonial” (vencedor do prêmio Gourmand World Cookbook Awards 2005) e organizadora do livro “Arte de Cozinha de Domingos Rodrigues (1680)”. Profissionalmente vem realizando pesquisas que analisam o vínculo entre a Antropologia e a temática do Consumo, desenvolvendo trabalhos para empresas e agências de publicidade. É professora de Antropologia na Escola Superior de Propaganda e Marketing.

domingo, 15 de abril de 2012

E quem disse que apenas os pobres furtam energia????

Apartamentos, lojas e clínicas médicas de luxo furtavam energia elétrica na Capital


Gato de energia
Gato de energia (foto: ilustrativa)
A Energisa, concessionária de energia elétrica da Paraíba, está realizando uma operação nesta terça-feira (10), no bairro de Manaíra, em João Pessoa. Segundo o assessor de imprensa do órgão, foram encontradas irregularidades em apartamentos, lojas e clínicas médicas de luxo.
Trinta e duas equipes estão realizando uma das maiores operações de fiscalização de padrões de medições de energia elétrica do Estado. O balanço final da operação será dado apenas no final da tarde de hoje.

A operação
Investigações feitas pela empresa apontam um grande número de irregularidades nos imóveis da região de Manaíra. A expectativa é realizar centenas de regularizações de medições.
No Estado da Paraíba, o furto de energia, no período de 12 meses, gira em torno de 196 GWh, quantidade que corresponde ao consumo de dois meses de um município do porte de João Pessoa.
O prejuízo estimado para a empresa gira em torno de R$ 78 milhões e para o Estado de R$ 17 milhões, que deixa de arrecadar o ICMS sobre o consumo.
Em 2011, a Energisa executou 76 mil inspeções, com aplicação de mais de 20.000 termos de ocorrência de irregularidade e recuperação de 52 GWh de energia.

Operação combate furto de energia em bairro nobre de João Pessoa

Trinta e duas equipes da Energisa, concessionária de energia elétrica da Paraíba, estão nesta terça-feira (10), no bairro de Manaíra, em João Pessoa, para realizar uma das maiores operações de fiscalização de padrões de medições de energia elétrica do Estado.
Investigações feitas pela empresa apontam um grande número de irregularidades nos imóveis desta região. A expectativa é realizar centenas de regularizações de medições.
No Estado da Paraíba, o furto de energia, no período de 12 meses, gira em torno de 196 GWh, quantidade que corresponde ao consumo de dois meses de um município do porte de João Pessoa.
O prejuízo estimado para a empresa gira em torno de R$ 78 milhões e para o Estado de R$ 17 milhões, que deixa de arrecadar o ICMS sobre o consumo.

Fonte: http://www.portalcorreio.com.br/noticias/matLer.asp?newsId=206999

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Facebook, Twitter e Orkut: cada um na sua

Comportamento de usuário varia conforme a rede social e, portanto, relacionamento com as marcas também


Bruno Malleta, da M.Sense: não adianta ter 1 milhão de fãs no Facebook
 e não criar conteúdo para se relacionar com esses fãs   

As redes sociais mais populares - Facebook, Twitter, Orkut, Google+ e LinkedIn - podem até ter os mesmos usuários. Mas, quando se trata de comportamento, cada rede tem perfis bem delineados. E isso influencia diretamente a maneira como as marcas lidam com cada rede. É o que constata pesquisa realizada pela Hi-Mídia em parceria com a M.Sense.

Essa pesquisa é a primeira de uma série que deve mapear o perfil do consumidor digital e dar aos anunciantes, agências e veículos informações sobre como lidar com o usuário do Facebook, do Twitter, do Orkut, do LinkedIn e de outras mídias sociais.

Para começar a desenhar o comportamento dos usuários dessas redes, a Hi-mìdia, rede de verticais premium do Grupo RBS, e a M.Sense, especializada em pesquisa de mercado digital, ouviram 484 pessoas em todo o País. Do total de pesquisados, 95% usam redes sociais. Entre esses, as redes mais acessadas são o Facebook, em primeiro lugar, e o Orkut, em segundo. Do total de entrevistados, 86% acessam o Facebook.

Em termos de perfil, o Facebook tem apelo fortemente baseado na sociabilidade: “É um ambiente de interação. Portanto, a marca precisa ter interatividade no Facebook. O usuário quer mostrar conteúdo para o grupo de amigos. A marca tem que levar isso em consideração”, diz o sócio-diretor da M.Sense, Bruno Malleta. Conforme a pesquisa, o Twitter é acessado por 32% dos entrevistados que vão atrás de notícias e acontecimentos (segundo 58% dos ouvidos). Em seguida, veem o Google+ (33%), LinkedIn (22%), Badoo (16%) e Sonico (10%). O Orkut é usado por 63% dos entrevistados.

Pelo critério comportamental do usuário nas redes, o comportamento das marcas nas redes pode se basear em conteúdo relevante (Facebook), promoções (Twitter) ou centrado em publicidade (Twitter).
 O Twitter é percebido pelo usuário como uma fonte de notícia e não precisa, necessariamente, oferecer interatividade. O perfil do usuário do Twitter é mais de espectador do que de participante. “Embora o ‘curtir’ e o ‘retweet’ sejam ferramentas similares, ambos têm diferença de status”, diz Malleta.

O Orkut, embora também seja bastante acessado e mantenha-se como segunda rede na preferência do brasileiro, tem um perfil bastante distinto do usuário do Facebook: enquanto 35% acessam o Facebook no trabalho, apenas 22% o fazem no Orkut. O Facebook já é acessado por 25% dos usuários por dispositivos móveis (smartphone e tablet) e o Orkut apenas por 12%. “São diferentes tipos de comportamento”, diz o executivo do M.Sense.

“Estamos investindo em alta segmentação e autoconhecimento do consumidor online. A parceria entre a Hi-Mídia e a M.Sense é o braço de inteligência de mercado para ajudar as agências e anunciantes a entregar o melhor resultado possível de desempenho”, afirma o vice-presidente da Hi-Mídia, Marcos Garcia. Malleta, da M.Sense, ressalta que não adianta ter 1 milhão de fãs no Facebook, por exemplo, e não criar conteúdo para se relacionar com esses fãs. “Trabalhar com especialistas é fundamental, seja com agentes de conteúdo ou com agentes digitais”, diz. A rede de verticais Hi-Mídia abrange 450 sites e mais de 22 mil parceiros de mídia de desempenho e atende mais de 200 agências publicitárias no Brasil e na América Latina.

Fonte: http://www.meioemensagem.com.br/home/midia/noticias/2012/04/11/Facebook--Twitter-e-Orkut--cada-um-na-sua.html

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Frenesi no Hipermercado: a promoção bombástica de última hora

Era uma quinta-feira (véspera do feriado santo) e uma propaganda bombástica invade o intervalo da novela global das 21h. Promoções com preços que revelavam descontos de até 70%, e o grande chamariz: TV de LCD 32’ por nada mais nada menos que R$ 799,00!

Liguei pra minha mãe que estava interessada em comprar uma e lá fomos nós perto da meia-noite (horário que começava a promoção). Já no começo percebemos que iria ser uma aventura e tanto, confusão generalizada para entrar no estacionamento lotado, briga, discussões, todos queriam chegar na frente. Segundo indício do que nos aguardava: não havia sequer um carrinho para colocarmos nossas compras, mesmo assim encaramos com toda expectativa possível.

Chegando lá, vimos uma verdadeira invasão. Sim, esse é o melhor termo para descrever o que vi. Uma euforia generalizada tomava conta do hipermercado que não previu essa profusão de consumidores ávidos, e com uma equipe reduzida de 1 segurança e 4 caixas que estavam pra lá de assustados com a tensão e nervosismo presentes.

Os clientes, visivelmente pertencentes às camadas populares, riam nervosos, pegavam o que podiam, várias TVs num mesmo carrinho, e caixas e mais caixas de bombons lotavam dois, três e às vezes 4 carrinhos! Pra que tanto? Perguntei-me. A fila do bacalhau de procedência duvidosa fazia voltas nas estantes do mercado. Todos queriam levar o seu.

Crianças corriam pelos corredores, comiam chocolate à vontade, brincavam com os brinquedos expostos e a madrugada virou uma grande diversão. Passados alguns minutos, carrinhos cheios faziam filas enormes na frente dos poucos caixas abertos. Caixas exclusivos para aposentados, grávidas não faziam diferença neste momento, a cidadania naquelas condições não fazia a menor diferença. Os funcionários não sabiam como proceder diante de tamanha desordem.

Até que gritos, confusão e briga foram ouvidos por todo estabelecimento. As caixas de bombom anunciadas a R$ 2,99 no caixa acusavam R$ 5,99. Choque, revolta, guerra. Mulheres visivelmente cansadas após um dia longo de trabalho gritavam pelos seus direitos, um homem saca uma arma, ele é logo imobilizado pelo segurança que o expulsa diante de promessas de morte. Barraco total.

Moradores de uma favela vizinha ao hipermercado estavam em peso. Outros clientes se assustavam com tamanho frenesi dos pobres empolgados. Até que, revoltados, iniciam uma verdadeira festa dentro do lugar, ovos de Páscoa e caixas de bombom abertos faziam a festança de todos, refrigerantes e biscoitos completavam o banquete além de iogurtes de marca que nas mãos de crianças duravam alguns segundos mostrando possivelmente que estas pareciam nunca ter a possibilidade de consumi-los. A sensação de revolta pelo mau atendimento foi o passaporte para que clientes em potencial através da quebra de regras revelassem seu descontentamento.

As reclamações eram muitas, assim como a frustração de não conseguir comprar o item tão almejado da madrugada: A TV de LCD.

Alguns mais espertos, se encaminharam para o estabelecimento assim que viram o anúncio e garantiram a sua TV grande de marca desconhecida, e daí? “Por esse preço vale a pena”, afirmou uma senhora perto de mim.

Resolvi diante do caos fazer meu trabalho de campo, comprar naquela momento era a última coisa que passava na minha cabeça, minha mãe vendo a marca da TV desistiu logo no início, acho que ela também ficou com medo de brigar pelo item mais disputado da noite.

Essa situação vivenciada semana passada foi sem dúvida uma demonstração da capacidade e intenção destes grupos tão diversificados. Nem só de eletroeletrônicos vivem as camadas populares emergentes, chocolates, bacalhaus, iogurtes e refrigerantes de marca completam a lista de principais interesses de consumo.

Fonte: http://mundodomarketing.com.br/blogs/diario-das-classes-c-d-e-e

terça-feira, 10 de abril de 2012

Ainda sobre geladeiras e objetos de desejo



 Em post anterior eu contei sobre uma festa dada para comemoração de uma geladeira que uma vizinha havia ganhado. Essa semana ocorreu algo que faz ratificar todo o argumento desenvolvido naquela ocasião.

Meus pais, dois senhores de idade já avançada acabaram de contratar uma nova empregada doméstica. A moça, beira os 45 anos, já é avó, criou seus filhos que já casaram e saíram de casa. Ela morou sempre de aluguel e trabalhou em casa de família. Um dia, voltando para casa após uma semana de trabalho, viu que a mesma havia sido assaltada e levaram todos os seus pertences, roupas, móveis e inclusive os eletrodomésticos mais pesados, fogão, geladeira, para sua surpresa, nenhum vizinho viu nada.

Na época, os seus patrões ajudaram com o que podiam, deram roupas para vestir, um pequeno enxoval para necessidades básicas, e ela resolveu se mudar indo parar em um município mais para o interior do Estado buscando mais segurança e tranquilidade. Até que meses atrás conhecemos Solange. Pouco falava, pouco se expressava, pouco sorria.

Um belo dia, quase três meses depois de começar a trabalhar para meus pais contou que enfim iria comprar uma geladeira, pois não aguentava mais comprar alimentos que iriam ser consumidos em um dia, ou então não poder beber água gelada, ou simplesmente não ter gelo em casa. Minha mãe conta que foi a primeira vez que ela esboçou alguma felicidade, ou seja, só com a possibilidade de comprar uma geladeira. Achando aquilo tudo muito estranho, minha mãe tentou entender a história e só aí que Solange contou a sua história triste que acabo de relatar acima e, para sua surpresa, meus pais comovidos com tal situação, resolveram ajudá-la “tirando” para ela alguns eletrodomésticos nas Casas Bahia, loja escolhida por ela porque parcela em mais vezes. Meus pais não discutiram.

Solange queria uma frost free, com porta dupla, cheia de firulas e “papagaices”, modelo de última geração. Até que minha mãe interveio perguntando quanto ela pagava de energia elétrica, se ela morava com uma grande família, e conseguiu convencê-la a adquirir um modelo mais simples, pois morava sozinha, tinha poucos recursos para pagar energia elétrica (frost free consome mais energia) e uma geladeira menor seria perfeita para ela.

No dia combinado para ser o dia da compra da nova geladeira, Solange cantarolou o dia todo. Brincou durante o almoço e, no final do dia, se arrumou toda para ir ao shopping comprar o seu tão esperado objeto de desejo.

No dia da entrega, Solange não titubeou, não foi trabalhar, monitorou a rua e ligava hora sim hora não para minha mãe relatando a demora e a ansiedade, que comovida passou a dividir o sentimento e as duas permaneceram dessa maneira, compartilhando a angústia da espera até às 15h da tarde.

Neste horário o telefone toca nervoso, do outro lado uma frase:
- Dona Íris, chegou! Vou lá receber a minha geladeira! E bateu o telefone na cara da minha mãe, que apenas sorriu aliviada.

Passadas algumas horas, minha mãe curiosa liga pra ela:
- E aí? Como está de geladeira nova?

Ela responde lépida e fagueira:
- Ah Dona Irís, eu estou tão feliz, nem sei como dizer pra senhora, eu achei ela tão linda que a senhora sabe que eu até abracei a geladeira!?
- Eu acredito, disse minha mãe expressando normalidade. - Eu sei o que é querer muito uma coisa e depois conseguir.

Essa história totalmente verídica nos faz pensar como nós. Independente de classe, personificamos objetos e atribuímos valores que vão para além da questão prática. A geladeira tão esperada e que foi abraçada ao chegar deixou revelar o quão objetos são importantes para expressar nossos valores simbólicos.

E mais, que classes populares não fazem qualquer projeção de gastos após a possibilidade de realização destes desejos. Solange iria comprar a sua geladeira no carnê a juros altíssimos, compraria o último modelo de uma marca de primeira linha e com grande capacidade de armazenamento. Na verdade, depois de fazer as contas junto com ela, minha mãe conseguiu explicar que ela pagaria por quase três geladeiras de modelo intermediário, ou seja, ela estava comprando os juros e levaria de brinde para casa uma geladeira.

Difícil convencer muitos consumidores desses gastos que estão embutidos pós compra. Juros, manutenção, despesas com o aumento da conta de energia elétrica, pagamento de impostos... São carros andando pelas ruas sem pagamento de tributos, manutenção ou seguro. São celulares que fazem de tudo, tiram fotos, filmam, toca música, mas a primeira função que seria fazer ligações... nem sempre é possível pois o seu dono não tem recursos para colocar créditos e simplesmente não podem usá-lo para falar.

Eles estão errados? Não sei. Como antropóloga não posso nem devo fazer juízo de valor. No entanto, são informações e representações acerca dos objetos e suas posses que nos fazem entender como as pessoas são, vivem e lidam com as coisas. Quais são as suas prioridades na hierarquia de pagamento de contas, ou na compra de determinados itens, revelando seus gostos, escolhas e identidade.

E já fazendo uma provocação... Solange abraçou uma geladeira. Eu já vi muita gente dando nome a carros novos, beijando iPads e fazendo carinho em iPhones. Os objetos mudam, mas a nossa relação com eles é a mesma.

Fonte: http://mundodomarketing.com.br/blogs/diario-das-classes-c-d-e-e/23420/ainda-sobre-geladeiras-e-objetos-de-desejo.html